Um Ano de Cultura

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“Existe uma grande vitalidade cultural na cidade de Braga”

“Existe uma grande vitalidade cultural na cidade de Braga”

Publicado em 10 de Fevereiro de 2025 às 11:14

Luís Fernandes, coordenador do Programa Artístico de Braga'25, espera que o legado da Capital Portuguesa da Cultura seja a "valorização da cultura e da arte" por diferentes públicos

A capital do Minho é,  este ano, o palco mais vibrante da cultura em Portugal, trazendo até si criadores locais, nacionais e internacionais numa programação eclética que cruza as tradições com as performances mais contemporâneas num diálogo permanente com todos os públicos. O responsável pela coordenação artística do programa de Braga’25 é Luís Fernandes, diretor artístico da empresa municipal Faz Cultura, responsável pela gestão do Theatro Circo e do gnration (um espaço de criação, performance e exposição no domínio da música contemporânea e da relação entre arte e tecnologia).

O cruzamento das propostas artísticas de vanguarda a nível nacional e internacional com as tradições locais, da música à gastronomia do Minho, por exemplo, foi uma aposta estratégica. “Ter em consideração essas duas dimensões foi um dos pilares do pensamento global sobre o programa, que foi desenvolvido através de um esforço coletivo por um conjunto alargado de programadores. Mas mais do que as tradições locais, esteve presente uma ideia de território, com as suas nuances e idiossincrasias, as quais moldaram necessariamente o programa”, afirma Luís Fernandes.

Oportunidade para talentos locais

O programa artístico do Braga’25 quis também talentos emergentes locais. “Estimular o tecido artístico e criativo local é uma dimensão fundamental do programa. Além dos processos de apoio à criação que regularmente apresentamos no Theatro Circo e no gnration, com a Braga’ 25 introduzimos o projeto Supracasa, no qual novos criadores no domínio das artes performativas desenvolvem novas criações. Também o festival Square, dedicado a músicos emergentes, ou os projetos Clube Raiz e Todo o Terreno tiveram uma grande ênfase na região de Braga e do Minho, dando a possibilidade de artistas da região se apresentarem durante este ano.”

Dar palco aos migrantes

Parte do programa da Capital Portuguesa da Cultura é “assente na participação da comunidade” e isso inclui os migrantes que representam 130 países no concelho de Braga. Além do festival Desejar, que será em junho e resulta dos contributos de “pessoas de diferentes nacionalidades, desde africana a brasileira”, o programa tem ainda outras criações inclusivas que serão apresentadas. “Apesar de existir um projeto especificamente dedicado à participação comunitária, o Desejar, que tem decorrido já desde o ano de 2024, a dimensão de participação está presente em diversas propostas a serem apresentadas durante o ano de 2025. São disso exemplo os projetos Todo o Terreno, que convocou entidades locais para pensarem ciclos de programação que decorrerão ao longo do ano, ‘O que fazemos com isto?’, que explora o nosso passado colonial, ou os programas do Theatro Circo e gnration, que apresentam propostas a este nível.”

Atualmente, Braga acolhe festivais com projeção internacional, como o festival Semibreve, muitos dos projetos da empresa municipal Faz Cultura são integrados em redes de programação de escala europeia e a cidade integra a rede de cidades criativas da Unesco. A Estratégia Cultural Braga 2020-2030 tem essa dimensão bem presente.

Luis Fernandes, Coordenador do programa artístico Braga'25

Braga: referência europeia

Braga’25 está inserida na Estratégia Cultural de Braga 2020-2030. A capital do Minho foi candidata ao título de Capital Europeia da Cultura 2027. Das cidades finalistas deste processo, Évora foi a escolhida para acolher o título de Capital Europeia da Cultura em 2027. Às restantes cidades finalistas, Aveiro, Braga e Ponta Delgada, foi-lhes atribuído o título de Capital Portuguesa da Cultura em 2024, 2025 e 2026, respetivamente. Braga quer ser – ou já é – uma cidade cultural europeia de referência? “Na verdade, acredito firmemente que o caminho para a cidade de Braga lá chegar já começou a ser trilhado há algum tempo. Atualmente, Braga acolhe festivais com projeção internacional, como o festival Semibreve, muitos dos projetos da empresa municipal Faz Cultura são integrados em redes de programação de escala europeia e a cidade integra a rede de Cidades Criativas da UNESCO. A estratégia Cultural Braga 2020-2030 tem essa dimensão bem presente”.

Dinamismo cultural

O diretor artístico da empresa municipal Faz Cultura, responsável pela versão do Theatro Circo e do gnration, esteve ligado aos projetos culturais mais inovadores nos últimos 15 anos. Com essa experiência, garante que no espaço de uma década Braga intensificou muito a sua oferta cultural. “Existe uma grande vitalidade cultural na cidade de Braga, fruto não apenas do trabalho desenvolvido pelas estruturas mais institucionalizadas, como também por promotores e coletivos independentes ou agentes privados. Esta mudança tem sido paulatina, mas sente-se uma diferença grande na oferta cultural, comparativamente há 10 anos.” Um dinamismo que tem de ser continuado, ressalva. “Ainda assim, considero que há muito trabalho pela frente, no sentido, por exemplo, de fixar criadores na região e melhor apoiar o seu trabalho”, considera Luís Fernandes.

Que legado deve deixar Braga Capital Portuguesa da Cultura? “A valorização da cultura e da arte, enquanto pilares de uma vida e cidadania plenas, manifestada pela curiosidade e participação regular dos diferentes públicos e pelo estímulo a criadores da região.”